quinta-feira, 24 de abril de 2014

TRILHA DOS TUCANOS - TAPIRAÍ / SP

Pequenos riachos e quedas d´água literalmente "brotam" ao longo das trilhas da Pousada Trilha dos Tucanos
Após alguns meses de reclusão na cidade, ter contraído Dengue e sua difícil recuperação, comecei a apresentar a Síndrome de Abstinência de Caminhar pelo Mato. Os sintomas clássicos começam com profunda irritação a gosto musical duvidoso, e na fase avançada culminam em ideias mórbidas do que fazer com seus vizinhos e os equipamentos sonoros deles...
Diante deste quadro sinistro resolvi aproveitar o feriado de Páscoa e tirar um dia para fazer uma trilha na mata, além de conhecer um local novo para mim.

Que Saudades do mato! Foto: Mônica Pompeo
E aproveitando minha estadia em Araçoiaba da Serra, optei por conhecer pessoalmente a Trilha dos Tucanos em Tapiraí (distante apenas 78 Km do local onde me encontrava). Digo pessoalmente porque já os conhecia pelo Facebook e também, pelo fato de alguns amigos do GRIFOO terem visitado o local recentemente.
Resolvi fazer este passeio sem grandes pretensões Ornitológicas e desta forma, convidei a minha esposa e um casal de Amigos (Alessandro e Viviane) para me acompanhar. Lembrando que eles não são (ou eram?) Observadores de Aves e seu interesse maior é por Botânica, em especial as Orquídeas.

Mônica, Viviane e Alessandro.
ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE O LOCAL

A Pousada esta localizada no município de Tapiraí / SP, na serra de Paranapiacaba. O acesso se dá pela rodovia SP 79.
Ao chegar no km 164,5 desta rodovia (entre as cidades de Tapiraí e Juquiá), você deve encontrar uma placa indicando a entrada para a Cachoeira do Chá e também para a pousada. A partir deste local o acesso é por estrada de terra e percorrendo algumas dezenas de metros, existe uma bifurcação. Neste local existem novas placas indicando a rota para a Cachoeira e o desvio para a pousada.
Na ocasião em que estivemos lá, o acesso pela estradinha de terra estava bem cuidado e não tivemos grandes problemas para chegar (apenas os inconvenientes de estarmos com um carro baixo), e em poucos minutos chegamos a entrada da pousada.

A sede da pousada e refeitório.
Logo na chegada já fomos recebidos com muita simpatia pela proprietária do local, a Patricia, e seu filho Pedro, de apenas 10 anos, que mesmo com a pouca idade já é um grande conhecedor do local. Fomos informados que o Marcão, seu marido e também proprietário do local, havia saído para buscar novas provisões, pois novos hóspedes iriam chegar ao longo do dia.Optamos pelo day-use com almoço (R$ 50,00 na ocasião) e como não estávamos interessados apenas em aves, recebemos como guia o jovem Pedro, que nos guiaria pelas trilhas e também mostraria algumas preciosidades do local, entre elas o local do ninho da Maria Leque do Sudeste (nesta ocasião já estava abandonado, mas no início do ano deu um mole!!!).

TRILHAS, RIACHOS, PLANTAS, INSETOS E MUITA VIDA!

O grande guia Pedro, lembrando quais aves foram avistadas em cada ponto da trilha.
Foto:Mônica Pompeo

Foto:Mônica Pompeo

Mônica, Pedro, Alessandro e Viviane.
Seguimos pela trilha que levaria ao local do ninho e depois seguiríamos pela trilha da Juruva.
No caminho começamos a nos encantar com a diversidade de plantas e flores que encontrávamos.
Bromélias floridas que atraiam diversos Beija-flores, estavam por toda parte. algumas fixas em árvores a dezenas de metros do chão. Muitas borboletas (gigantescas) que voavam tranquilamente, próximas as copas destas árvores.



Algumas centenas de metros distante da sede, a trilha se divide em duas e seguimos em direção a trilha do Macuco, em busca do local de avistamento da Maria Leque.

Só um pouquinho de aventura...
Foto:Mônica Pompeo
No início desta etapa a trilha é bem larga e aos poucos vai se estreitando, até chegar a uma área belíssima onde um pequeno riacho se divide entre as pedras, formando pequenas quedas d´água. Vale a pena parar por aqui e aproveitar deste espetáculo.

Pedro, Viviane e Mônica.

A cura para qualquer stress urbano!
Novamente na trilha, chegamos ao local onde nosso grande guia anunciou ser a localização do ninho da Maria Leque, mas infelizmente não tivemos a sorte de encontra-la, restou "apenas" poder contemplar a beleza deste local.

Alessandro e Pompeo, em busca das borboletas azuis...
Foto: Mônica Pompeo

Foto: Mônica Pompeo

O local onde ficava o ninho da Maria-leque do sudeste.
Um pouco mais a frente encontramos uma nova bifurcação e seguimos em direção a trilha da Juruva. Um trecho levemente inclinado e logo estávamos em uma área de mata mais fechada, o que era bom pois já estávamos próximos do meio-dia.
Nosso guia começou a apresentar sinais de cansaço e optamos por voltar, mas quero deixar registrado que ficamos muito felizes em ver uma criança, nos dias de hoje, se dispor a caminhar pelo mato, conhecer as aves e animais, sentir-se Orgulhoso em poder colaborar e guiar as pessoas e, principalmente, ficar algumas horas longe do computador e dos games. Merece os nossos Parabéns pela disposição e determinação.

UM POUCO SOBRE AS AVES

É claro que eu não conseguiria ficar imune as aves, principalmente em um local privilegiado como este.
A área encontra-se no Maciço Florestal de Paranapiacaba, sendo a predominância de Mata Atlântica, e acredito que algumas árvores daqui são centenárias. Acho que isto dá uma noção do que podemos encontrar por aqui. Desta forma, combinei com o nosso guia para que ele levasse as meninas de volta a sede e eu seguiria, juntamente com o Alessandro, um pouco mais atrás, fotografando as aves do caminho.
Poucos minutos depois, com muito silêncio nas trilhas, comecei a ver movimentos nas árvores e logo consegui 02 lifers para mim.

Limpa-folha Ocráceo
Arapaçu-escamado do sul

Saíra sete-cores, se alimentando na mata.
Além destes pássaros avistados, pudemos ouvir uma verdadeira sifônia de sons e chamados, mas meus conhecimentos nesta área são limitadíssimos e não saberia identificar nenhum deles...Bem, quase nenhum!
Em determinado ponto da trilha, já bem perto da sede, ouvi um som conhecido, bem próximo de nós e a alguns passos da trilha.
O som era inconfundível... Tratava-se de um Macuquinho (Eleoscytapolus indigoticus).
Conhecia o som, pois havíamos tomado uma surra deste sujeitinho, em nossa viagem a Reserva Salto Morato, no Paraná. Ficamos por mais de uma hora tentando avistá-lo e não conseguíamos, parecia coisa de lenda da floresta...
Mas ali naquele local, ele parecia estar bem perto. Nesta hora eu estava sem nenhum artefato para play-back e achei melhor voltar depois, caso encontrasse algo que pudesse ser usado.
O aroma da cozinha já nos alcançava na trilha e resolvemos almoçar, para depois podermos continuar as trilhas...Que ilusão a minha!

Nossos anfitriões nos aguardavam com uma suculenta feijoada, com tudo o que se tem direito neste prato altamente light e que deixa todo mundo animado após a sua ingestão!

E o Marcão já estava de volta a pousada, portanto foi a deixa para podermos conversar e nos conhecer. Realmente são pessoas muito simpáticas e atenciosas.
Alguns amigos do casal também foram chegando e a conversa se prolongou por um bom tempo.
Aproveitei a pausa de meus companheiros de viagem e fui fazer algumas fotos dos beija-flores nos bebedouros e de algumas aves que começavam a procurar os comedouros. Acabei conhecendo pessoalmente o Marco Cruz, que acabava de chegar e iria ficar hospedado por ali. Coincidentemente, ele havia fotografado o Macuquinho neste local, mas em um lugar diferente daquele que eu havia ouvido.
Já que ele tinha um bom play-back, fomos juntos conferir a minha dica e demos sorte... Até demais.
Nem bem havíamos colocado o aparelho entre as folhas e o nosso amigo passou por cima deste, bem no aberto, mas nós nem tínhamos empunhado as câmeras. Resultado: Começamos novamente, mas desta vez ele não apareceu em local tão aberto. Faz parte!

O lendário Macuquinho...
De volta aos comedouros pude fotografar algumas espécies comuns nestes locais, mas também um Tico-tico do mato, que calmamente se alimentava de quirelas. Parece que este comportamento não é muito usual desta espécie.

Catirumbava

Beija-flor de fronte violeta

Saíra sete cores

Tico-tico do mato
Mas faltava ainda percorrer uma outra parte da trilha e chegar até uma árvore enorme que existe no interior da mata. Portanto reunimos o que restava de forças e seguimos pela mata, através das indicações de nossos amigos do local.

Passamos pelos chalés que são usados pelos hospedes e aproveitamos para conhecer a estrutura dos mesmos. São chalés simples, bem arrumados e que acomodam até 04 pessoas. O valor do tarifário pode ser combinado com os proprietários.

Foto:Mônica Pompeo

Foto:Mônica Pompeo

Foto:Mônica Pompeo

Seguindo adiante existe um belo lago (cheio de bromélias também) e logo acima a trilha se reinicia.



Um comentário sobre as trilhas: Todas estão em excelente estado de conservação e manutenção. Talvez em parte pelo fato do local ser novo, mas também pelo cuidado dispensado pelos proprietários. As descidas e subidas possuem degraus com madeira, dando assim maior segurança na caminhada, principalmente quando se carrega alguns quilos de equipamento nas costas.

Foto:Mônica Pompeo

Foto:Mônica Pompeo


Seguimos as orientações que nos haviam passado, mas infelizmente não alcançamos a tal árvore, pois um trecho da trilha havia desbarrancado. Parece que alguma árvore caiu com o mau tempo e levou junto tudo o que estava no caminho.
Devido ao horário avançado, não poderíamos percorrer a trilha pelo sentido contrário, optamos então por voltar e continuar a observar a paisagem.

Viviane e Mônica se esbaldando com a paisagem jurássica.


Micro detalhes...





A dezenas de metros do chão...


Caleidoscópio


De volta a pousada, já estavam nos esperando com aquele café quentinho e um saboroso Bolo de Milho, muito bom para recompor as energias e seguir viagem.
Fica a vontade de voltar a este local incrível, hospedar-se nos chalés... Promover um curso de Fotografia, quem sabe?
A única coisa que podemos afirmar é que recomendamos o local com louvores. Seus proprietários são novos no ramo, mas estão com muita vontade de fazer dar certo, abertos a sugestões e principalmente, cheios de Simpatia. Abraço aos novos amigos.

6 comentários:

  1. Maravilha Pompeu, parabéns ! Abraço. Dú Nyari.

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  2. Muita boa reportagem!
    Só gostaria de recomendar: quem for fique pelo menos 2 dias, levante bem cedo, pois neste período muita coisa acontece e é quando você vê mais passarinhos.
    Depois da 8,30 ou 9 h o movimento já é bem menor.
    Podem ir, que o local é muito bom, vale a pena!

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  3. Olá Pompeo!!
    Gargalhei com o começo do post.. sabe que eu também estou em convalescença da dengue, peguei este mês, fiquei internada e tal e já começo a sentir os mesmos sintomas de abstinência. será que é grave??? Conhecemos Tapiraí e gostamos muito deste lugarzinho. Da próxima vez, ficarmos nesta Pousada, uma ótima pedida!
    Um grande abraço!
    Marcia

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  4. Olá, Pompeo! Obrigada por compartilhar suas experiências. Dá até pra viajar com o seu texto. Mas que pousada é essa? Tenho que fazer uns levantamentos de fauna e flora na região e estou a procura de hospedagem. Se puder me dar umas dicas... Desde já agradeço.

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    1. Olá ZX! No início do post tem o link para o site da pousada, mas de qualquer forma vai ele novamente:
      http://trilhadostucanos.com.br
      Entre em contato com a Patrícia ou com o Marcão e peça mais informações sobre a hospedagem. Abraço e boa viagem!

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  5. Excelente, fiquei com água na boca. preciso conhecer este local.

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