terça-feira, 3 de setembro de 2013

FOTOGRAFANDO EM ALTA VELOCIDADE


Muita gente me pergunta sobre as fotos em alta velocidade, não apenas do objeto a ser fotografado, mas também da Velocidade do Obturador.
Por isso resolvi escrever algumas considerações pessoais, baseadas em experiências registradas nas mais diversas situações.
Splash realizado em estúdio, com gerador e 03 tochas - F:8 - 1/125 - ISO100
Mas com certeza já tem alguém pensando: Pronto, lá vem aquele cara falar (de novo) sobre como é difícil fotografar as aves, que elas são muito rápidas, que isto é para aqueles que gostam de fotografar pássaros, etc...
Sinto dizer que esta enganado!
A Fotografia em alta velocidade é comumente utilizada em nosso dia a dia, em muitos trabalhos fotográficos, sociais ou publicitários. Já vi fotos belíssimas de noivas jogando buquês ou sob uma chuva de pétalas, em que o fotografo conseguiu "congelar" a imagem perfeitamente, além é claro do famoso Splash, muito utilizado em publicidade.
Nos eventos cotidianos ou em viagens, esta técnica pode também render imagens fantásticas.

Nos passeios em família à praia sempre temos alguém que se sagra Campeão
 na categoria Open Pro-Master de Caixote.
É claro que para as fotos de Natureza, em especial as Aves, este tipo de conhecimento é imprescindível, afinal elas são muito rápidas, é muito difícil fotografa-las...rsrsrsrsrs.

Gavião de rabo branco
f:7,1 - 1/1600 - ISO 400 - Dist. Focal 247mm
Primeiro vamos lembrar um pouco daquela famosa relação básica entre Abertura  e Velocidade, a base de toda captura de imagem, ainda chamada de FOTOGRAFIA!
Quanto MENOR o Tempo em que o Obturador for permanecer aberto, MAIOR a quantidade de Luz que deverá entrar na câmera. Como o Tempo é marcado através de Fração de segundos (1/30 , 1/125 , 1/500 seg, etc...) quanto menor a fração, maior será a velocidade.
Já a Abertura é comumente chamada de "f " e é Inversamente proporcional, ou seja quanto Menor o numero de f, Maior é a Abertura, desta forma um f: 2,8 deixa entrar o dobro de Luz que um f: 5,6 e assim por diante.

Irerês - f:5 - 1/1000 seg - ISO 400 - Dist. Focal 300mm
Podemos então deduzir que para conseguirmos congelar a imagem de algo, movendo-se a uma grande Velocidade, iremos necessitar de uma Velocidade de Obturador alta, e de uma grande quantidade de luz. Mas nem sempre isto esta disponível, as vezes a iluminação natural é demasiada fraca ou então estamos fotografando a noite. E agora, o que fazer?

Coruja da Igreja / Suindara (Tyto Alba)
f: 2,8 - 1/60 seg - ISO 1600 - 300mm + Flash
Nestes casos uma Lente com uma boa Abertura (f:2,8 , f:2, f:1,8) são bem vindas, mas podemos também compensar a falta de Luz aumentando a Sensibilidade da Câmera (ISO) ou ainda usando um Flash acoplado a mesma.
Vale lembrar que o aumento do ISO traz inevitavelmente a presença de ruídos a imagem - aqueles pequenos pontos coloridos - mas isto pode ser minimizado, habilitando-se a função "Redução de ruídos em ISO elevados", existentes em diversos modelos de câmeras, provavelmente com nomenclaturas um pouco diferentes. Existem ainda filtros que podem ser aplicados no Câmera RAW e que reduzem consideravelmente este problema.
Agora de posse destas preciosas informações você pode analisar a situação e ver qual combinação usar.

Estrelinha - Ametista
f:6,3 - 1/1250seg - ISO 400 - 300mm
Também ajuda muito estar usando um tripé, com uma cabeça que permita movimentos rápidos e precisos, afinal segurar uma lente pesada como uma Teleobjetiva, com uma Velocidade de 1/1250 seg, sem tremer, é  tarefa para poucos privilegiados. Se bem que das fotos mostradas até aqui, somente esta do Beija-flor foi feita com tripé, as demais foram feitas no braço mesmo, coisa de macho!!!!!
Uma dica legal que aprendi com um Amigo cinegrafista é de na hora da foto, encher o peito de ar e segurar a respiração durante a tomada das imagens. Se a câmera dispor de Disparo Sequencial , coloque em H (high) e segure o dedo!

Garça
 f: 5,6 - 1/800 seg - ISO 200 - 300mm
Uma boa cabeça de tripé ajuda também a seguir o movimento do objeto, quando este move-se em uma linha definida , como esta Garça que possui um voo calmo e constante, muito fácil de ser fotografado.
Precisamos ainda falar um pouco sobre o Flash. Devido a grande quantidade de Luz emitida por este equipamento e pela pequena duração do "relâmpago" , podemos usar velocidades de Sincronismo relativamente altas (1/125 , 1/250) e literalmente congelar o movimento do objeto. Existem profissionais de várias áreas que hoje realizam verdadeiras obras de arte, usando apenas os Flashes dedicados, posicionados de forma estratégica e com o auxílio de disparadores a rádio, conseguindo com isto imagens nunca antes vistas.
Quando comecei a testar fotos com alta velocidade, usava flashes e geradores de estúdio, para realizar imagens de Splash principalmente. A algum tempo tive a oportunidade de testar estes equipamentos em fotos de Beija-flores, com o uso de diversas tochas e alguns acessórios de estúdio (Sombrinhas, Hazys e Colméias). O resultado foi bem animador, mas esbarra na necessidade de energia elétrica próxima e também na fragilidade destes equipamentos em ambientes externos, principalmente na questão da umidade.



Fotos feitas com Gerador 1200 , 03 tochas, sendo duas com Hazy-light e uma com Colméia.
f: 8 - 1/200 seg - ISO 100 - 300mm

Ainda preciso fazer alguns testes com os Speedlights disparados por Flash Triggers e ver qual resultado fornecem.
Por último quero citar que - salvo nas fotos em estúdio, com Flashes e Geradores -, nestas situações, quase nunca trabalho com a câmera em M (Manual), prefiro trabalhar com Prioridade de Abertura, quando as condições de luz estão um pouco complicadas (muita luz ou ambiente pouco iluminado, como o interior de matas) ou então com Prioridade de Velocidade, quando tenho tempo antes em saber qual espécie ou objeto será fotografado e como se comporta em relação a velocidade.
Finalizando este post quero então fazer um pequeno resumo do que foi falado, ou seja, para fotos em alta velocidade são necessários uma Velocidade do Obturador alta, uma boa quantidade de Luz, proveniente de uma boa fonte de Luz natural, ou ainda conseguida pelo aumento da Sensibilidade (ISO),ou pelo uso de um Flash.
Um Tripé com uma boa cabeça ajudam muito e faltou ainda um ingrediente indispensável, um OLHAR apurado!
Espero que gostem e que seja útil.

Biguá
f: 5,6 - 1/320 seg - ISO 200 - 300mm
Gavião-Caramujeiro
f:5,6 - 1/400 seg - ISO 200 - 300mm
Bico reto de banda branca
f:5,6 - 1/1000 - ISO 400 - 300mm
Mocho dos banhados
f:5,6 - 1/1250 seg - ISO 1000 - 300mm

2 comentários:

  1. Os maiores sábios são aqueles que compartilham seu conhecimento! Parabéns pela matéria!! Foi muita esclarecedora pra mim, principalmente pela riqueza de detalhes da configuração de composição da foto! Abraço!

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    1. Agradeço as gentis palavras e fico feliz que tenha sido útil de alguma maneira.Abraço.

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