domingo, 28 de abril de 2013

AVES DE RAPINA

GAVIÕES, FALCÕES E CORUJAS


Coruja Buraqueira
Não vou negar que tenho um grande fascínio pelas aves desta família! Talvez pela dificuldade em fotografa-las afinal são extremamente ariscas, possuem uma visão apuradíssima e dificilmente são atraídas por comedouros, no máximo um play-back...
Poderia ser também por algum aspecto sombrio que se aloja nas profundezas de meu Ser, afinal o termo "rapina" vem de raptar, aves que raptam para se alimentar, mas isso é pouco provável já que minha admiração pela categoria começou com esta foto acima, da zelosa Mamãe Coruja e seus filhotes fotografados em um playground de uma escola infantil, bem embaixo de um brinquedo Gira-gira.A foto acabou sendo publicada na revista Terra-da-Gente e me abriu as portas para um novo mundo da fotografia e para o Birdwatching.




É claro que qualquer espécie que cruzava meu caminho passou a ser registrada mas a minha atenção sempre se voltava para alguma ave de rapina que surgisse na área.
As Corujas Buraqueiras (Athene cunicularia) são figurinhas fáceis em qualquer local e o Gavião Carijó podia ser facilmente encontrado nas zonas rurais próximas a minha cidade, portanto sobrou para eles.

Sequência de fotos do Gavião-Carijó levantando voo.Fusão realizada no Photoshop.

Mas o fascínio pelos rapinantes só aumentava e o desejo por novas espécies era agora uma obsessão.Por duas vezes participei de uma "Overdose Ornitológica" na Guainumbi, sedento pela oportunidade de fotografar alguma espécie selvagem, mas nas duas ocasiões o mau tempo não facilitou e nada de corujas ou gaviões!
Comecei a buscar informações que pudessem me ajudar nesta tarefa e a minha primeira surpresa foi o site Aves de Rapina Brasil de autoria do Willian Menq.Lá encontrei muitas informações importantes sobre o comportamento destas aves.
Outra fonte de pesquisa importante foi o WikiAves, velho conhecido de qualquer fotografo observador de Aves.


Munido agora de muitas informações e devidamente equipado fui a campo em busca de um desafio que estivesse a minha altura, algum predador implacável, algo que garantisse  perigo para registra-lo! Levei meu filho para me auxiliar (na ocasião com 13 anos) e como não tinha um aparelho portátil para play-back entramos em uma pequena mata nos fundos da chácara da família com um Notebook e uma pequena caixa amplificada ligada a ele.Já havia ouvido o som de uma coruja dias antes e sabia tratar-se de uma Corujinha-do-mato, mas não tinha a menor noção de como era ao vivo este terrível predador...
Equipamento fotográfico montado e lanterna nas mãos começamos a nossa aventura, meu filho tocou o play-back e nada de resposta.Aguardamos mais algum tempo e tentamos novamente...silêncio total, meu filho a uns 3 metros de distância de mim quando a Corujinha desce sobre sua cabeça e "ataca" o Notebook!
Nesta hora o instinto paterno é mais forte afinal SEU filho corre perigo! Não pensei duas vezes e largamos tudo no meio do mato enquanto corríamos desesperados para a segurança da casa...
Ok, não foi a minha melhor atuação como Pai mas juro que olhei para trás para saber se ele vinha vindo comigo!!!
Passado o susto voltamos ao local, agora com bonés nas cabeças e óculos de segurança (segurança em primeiro lugar), meu filho se acomodou entre as pernas do tripé e começamos novamente com o play-back.Parece que nosso terrível predador se acostumou com nossa presença (ou constatou que não representávamos perigo algum) e começou a pousar em locais excelentes para fotos,permitindo até closes como este acima.


Agora eu tinha mais um item em minha bagagem...PRUDÊNCIA! São animais maravilhosos mas são selvagens, seguem seus instintos e nós é que estamos invadindo seus espaços.
Pouco tempo depois tive uma nova oportunidade espetacular, pois junto com os amigos do GRIFOO conheci a represa de Iracemápolis, no interior de SP.Lá pude ver de perto vários exemplares de Gaviões-Caramujeiros caçando e se alimentando.Embora já conhecesse a espécie de outro local, a proximidade permitida por estes indivíduos me fascinou e esta foi apenas a primeira de varias outras expedições que fiz ao local, permanecendo por horas as margens da represa, chegando antes do dia clarear e até me camuflando na mata...tudo para conseguir imagens cada vez mais difíceis!
Por causa desta nova obsessão acabei desenvolvendo um suporte flutuante feito com garrafas Pet e tubos de PVC que me permitiriam entrar na água com a câmera, a teleobjetiva e um tripé, mas no teste inaugural do equipamento descobri que o fundo da represa é um enorme atoleiro num episódio que acabou ficando eternizado como a aventura do Frog-Man ( o video esta no You-tube).


Continuo a frequentar o local e ainda insisto em novas idéias para conseguir fotografa-los de forma única, um dia farei um post somente sobre isto.
Também tive uma oportunidade fantástica quando visitei o Tanquan, novamente com a galera do GRIFOO.Nesta ocasião pude treinar minhas habilidades fotografando a partir de um barco pequeno, com um tripé e uma lente pesadíssima, mas a experiência anterior com os Caramujeiros me ensinou muito sobre os hábitos destes animais e algumas das lições puderam ser aplicadas nesta ocasião, afinal você começa a identificar com antecedência quando estão se preparando para alçar voo e isto garante belas fotos em movimento.




Algum tempo depois tive o privilégio de conhecer uma pessoa especial, meu amigo e companheiro do GRIFOO, Gustavo Pinto. Ele havia acabado de fotografar uma Coruja magnífica em uma área urbana da cidade e tratava-se de um Mocho dos Banhados!
Entrei em contato com ele através do WikiAves e marcamos uma corujada para aquele dia mesmo.Busquei algumas informações sobre a espécie e fui para mais esta aventura.

A primeira foto conseguida do Mocho dos Banhados, agradecimento ao amigo Gustavo Pinto.
Tenho que citar que a emoção ao ver um animal tão belo e imponente é inesquecível! Uma coruja com estas dimensões, com uma envergadura de asas como a deste animal e um voo tão gracioso são motivos para deixar qualquer marmanjo de pernas bambas e olhos lacrimejando.Na ocasião acabei conhecendo a família deste novo amigo e também pude ver como seus filhos ainda pequenos já admiravam estas aves fantásticas.

Fui em busca de novas informações e descobri que esta espécie tem o habito de caçar antes do por do Sol e resolvi voltar ao local em outras ocasiões, algumas vezes sozinho e outras na agradavel companhia de meus amigos.Acabei conseguindo belas fotos...



Agora um pouco mais experiente me arrisquei em voos maiores e pude realizar belas imagens desta familia de aves no Pantanal norte, na viagem que realizei com os amigos Peterson e Marcelo, do GRIFOO.
Neste local exuberante os animais parecem não se incomodar com a nossa presença e por isso acabamos conseguindo imagens únicas.

Gavião Caboclo juvenil


Jacurutu





Embora seja muito excitante chegar a poucos metros de um Gavião Preto ou ainda de um Gavião Belo, garanto que nem se compara a emoção de ficar a poucos metros daquela que é considerada a Coruja mais encrenqueira do Brasil, o minusculo mas muito temido Caburé, uma coruja do tamanho de um Pardal mas que causa verdadeiro reboliço na mata, apenas com o seu som emitido em um playback.
Faltava ainda realizar mais um sonho...encontrar a bela Suindara, ou Coruja da Igreja como também é conhecida.
E não demorou muito para isto acontecer! Pouco tempo depois de minha volta do Pantanal estava em uma viagem com a familia e passando pela zona rural de um municipio, logo após o anoitecer, avistei um vulto branco em um mourão.Na ocasião não pude parar pois estava atrasado para um compromisso e resolvi voltar no dia seguinte, mas encontrei um problema novo pois não tinha como descer do carro no local e a tarefa de segurar uma lanterna juntamente com a camera e a teleobjetiva mostrou-se algo quase impossível.
Da necessidade surgiu uma solução e acabei criando o Light Owl Segurator, hoje amplamente divulgado e com varias versões no mercado!
Com o equipamento em mãos voltei ao local em outra ocasião e realizei mais este sonho, fotografei a Suindara de várias formas.





É claro que ainda existem dezenas de espécies a serem vistas e fotografadas, mas não tenho pressa, aliás cada uma que consigo é motivo de muita alegria e comemoração.Sei que no momento oportuno conseguirei ver mais um dos representantes desta família maravilhosa, mas ainda muito cercada de preconceito e crendices...mais uma razão para mostra-las as pessoas, para que possam  assim como os pequenos filhos do meu amigo Gustavo, poder admira-las sem medo algum.

Um comentário:

  1. Legal sua história Sivonei, com toda certeza as aves de rapina são incríveis, fantásticas, nos despertando tantas sensações boas ao encontrá-las.

    Abraço

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